sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Cora Coralina era biodanceira?!

Não sei se a vida é curta ou longa para nós,
mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:                
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silencio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que acaricia,
desejo que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar.
Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Educação para a vida - Cezar Wagner

“Podemos fazer uma profunda revolução cultural, que só é possível, tocando os corações. Nelson Mandela, com aquele olhar amoroso, diz que o que mais tememos é nossa luz interior. Acho que a grande revolução nesse sentido da educação humana é a da educação para a vida, uma mudança cultural com estes fundamentos. E a Biodanza nos traz isso.
Esse novo ser humano é mais inteiro e mais íntegro. É um ser em sua multidimensionalidade e ao mesmo tempo pleno de ética e amor. Descobri que a Biodanza propicia essa caminhada, com qualquer pessoa, do analfabeto ao executivo. Não podemos perder tempo com a pequenez de coisinhas, dada a importância desse PRESENTE que Rolando nos deu, para a gente semear, uma grande semeadura biocêntrica.”
Cezar Wagner de Lima Góis
Psicólogo social e clínico, doutor em Psicologia pela Universidade de Barcelona, Facilitador Didata em Biodança pela International Biocentric Foundation, entre outras funções e títulos.

sábado, 20 de novembro de 2010

'O Encontro dos Homens' - de Paulo Freire

Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no      trabalho, na ação-reflexão.
Por isto, o diálogo é uma exigência existencial.
Não há diálogo, porém, se não há um profundo amor ao mundo e aos homens.
Não é possível a Pronúncia do Mundo, que é um ato de criação e recriação, se não há amor que a infunda.
Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens, não me é possível o diálogo.
Não há, por outro lado, o diálogo, se não há humildade.
A Pronúncia do Mundo, com que os homens o recriam permanentemente, não pode ser um ato arrogante.
O diálogo, como encontro dos homens para a tarefa comum de saber agir, rompe-se, se seus pólos (ou um deles) perdem a humildade.
Como posso dialogar, se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no outro, nunca em mim?
Como posso dialogar, se me admito como um homem diferente, virtuoso por herança, diante dos outros, meros "isto", em que não reconheço outros eu?
Como posso dialogar, se me sinto participante de um "gueto" de homens puros, donos da verdade e do saber, para quem todos os que estão fora são "essa gente" ou são "nativos inferiores"?
Como posso dialogar, se parto de que a Pronúncia do Mundo é tarefa de homens seletos e que a presença das massas na história é sinal de sua deterioração que devo evitar?
Como posso dialogar, se me fecho a contribuição dos outros, que jamais reconheço, e até me sinto ofendido com ela?
Como posso dialogar se temo a superação e se, só em pensar nela, sofro e definho?
A auto-suficiência é incompatível com o diálogo.
Os homens que não tem humildade ou a perdem, não podem aproximar-se do povo. Não podem ser seus companheiros de Pronúncia do Mundo. Se alguém não é capaz de sentir-se e saber-se tão homem quanto os outros, é que lhe falta ainda muito que caminhar, para chegar ao lugar de encontro com eles.
Neste lugar de encontro, não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que, em comunhão, buscam saber mais.
Não há também, diálogo, se não há uma intensa fé nos homens. Fé no seu poder de fazer e de refazer. De criar e recriar. Fé na sua vocação de ser mais, que não é privilégio de alguns eleitos, mas direito dos homens.

Paulo Freire (in ‘A pedagogia do oprimido’. 1978)


terça-feira, 16 de novembro de 2010

...Ah! Os outros... - José Angelo Gaiarsa

‘...Ah! Os outros...
(Fossem todos como eu, tão bem comportados, tão educados, tão finos de sentimentos...) O que não se compreende é como há tanta maldade num mundo feito somente de gente que se considera tão boa.
...Ah! Os outros...se eles não fossem tão maus – como seria bom...
...Não há como fugir desta engrenagem de aço: ninguém é feliz sozinho.
Ou o mundo melhora para todos, ou ele se acaba.
Amar o próximo não é mais idealismo ‘místico’ de alguns.
Ou aprendemos a nos acariciar, ou liquidaremos com nossa espécie.
Ou aprendemos a nos tratar bem – a nos acariciar – ou nos destruímos.
Carícias – a própria palavra é bonita.
Carícias...mãos deslizando lentas e leves sobre a superfície macia e sensível da pele.
Carícias...olhar de encantamento descobrindo a divindade do outro – meu espelho!
Carícias...envolvência (quem não se envolve não se desenvolve...), ondulações, admiração, felicidade, alegria em nós: eu-e-ele, eu-e-outros.
Energia poderosa na ação comum, na co-operação.
...Só a União faz a Força – sinto muito, mas as verdades banais de todos os tempos são verdadeiras – e seria bom se a gente tentasse FAZER o que elas sugerem, em vez de, críticos e céticos e pessimistas, encolhermos os ombros e deixarmos que a espécie continue cega, caminhando em velocidade uniformemente acelerada para o Buraco Negro da aniquilação.
Nunca se pôde dizer, como hoje: ou nos salvamos – todos juntos – ou nos danamos – todos juntos.’

J.A. Gaiarsa - (1920-2010)
(in Introdução do livro ‘A Carícia Essencial, uma psicologia do afeto’ de R. Shinyashiki, 1985)

http://twitpic.com/2y6uez

domingo, 7 de novembro de 2010

Sobre Rolando Toro, criador da Biodanza!

Rolando nasceu em 1924, em Concepción, no Chile e faleceu no começo deste ano de 2010, com profundo pesar de toda a comunidade biodanceira, espalhada pelo mundo inteiro.
Rolando Toro é o criador da Biodanza (patenteada em espanhol, sua língua-mãe), do Princípio Biocêntrico e ainda da Teoria da Educação Biocêntrica, sendo nomeado 'O Mestre do Afeto'.
Hoje existem mais de 2.000 grupos de Biodança em todo o mundo e um instituto dedicado a pesquisar a aplicação da cultura biocêntrica em áreas diversas, como a educação, a psicologia, a saúde. O IBF - Institut Biocentric Foundation.
Em fevereiro de 2010, concedeu em São Paulo, uma entrevista à revista 'Bons Fluidos', onde discorre um pouco sobre a afetividade, tão em falta nos dias de hoje.
Ao ser questionado sobre o surgimento da Biodança, Toro responde:

"Minha sensação é de ter procurado realizar durante muitos anos o trabalho de aumentar a afetividade no ser humano. Somos mais cerebrais, e em nosso mundo a inteligência não está unida ao afeto. E isso tem consequências terríveis. Percebi que vivemos numa sociedade doente, em que a vida não é considerada sagrada. Os princípios ideológicos pairam sobre os relacionados à vida, que celebram o amor, a comunhão com os semelhantes, a solidariedade. Busquei por muitos caminhos uma maneira de fazer essa mudança, que precisava ser tanto individual quanto coletiva. Parecia uma quimera sonhar com a formação de um novo ser humano, mas sempre fui estimulado pelo impossível."

segunda-feira, 1 de novembro de 2010